quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Passam-se os anos, mas ficam as vontades... Após o fim da fase Delta, ultima fase do dispositivo de combate a incêndios com regime de permanência nos quartéis de equipas disponíveis para saídas ao minuto, os incêndios anos após anos multiplicam-se e nem a boa vontade, aliada à disponibilidade dos Soldados da Paz para a realização de queimadas de forma controlada e legal faz demover o mais estúpido pseudo-pirómano de destruir o que acha que mais lhe convém, esquecendo-se por conveniência que afinal aquilo que rouba à natureza a todos pertence.

Para que tal situação aconteça, desde o literário catedrático, ao mais ignóbil analfabeto, basta que lhes passe pelo tímpano a informação que já não existe ninguém capaz de 'estragar' o que deseja desde do pico do verão, tal como queimar as silvas que lhe impedem o acesso ao terreno, ou queimar o restolho para que as novas daninhas iniciem mais rápido o seu rebento, esquecendo-se sempre que o facto de destruir o mato incomodativo do baldio vizinho, com aquele monte de carrascos feios, junto aos sobreiros cujo dono já faleceu, pode afinal ser possível, pois na televisão, o senhor jornalista afirmou que agora é legal, é justo, é um dado adquirido... há, e já não há Bombeiros.

Por este grosso motivo, durante a corrente semana, são dezenas os alertas de incêndios rurais nas mais diversas freguesias do Concelho de Foz Côa. Do ponto mais alto da área de intervenção dos Bombeiros deste município, estes, conseguem diariamente visualizar dezenas de colunas de fumo como indicativos naturais da presença de fogo, sendo que alguns, controlados pelos perímetros naturais ou criados pelos intervenientes no seu surgimento, se extinguem por efeitos naturais ou artificiais, outros há que livremente amadurecem no seu desenvolvimento, crescimento até à sua irradiação sem que ninguém lhes possa traçar um destino. Cenário triste mas real, mas afinal o que vai valer são as estatísticas, os números, os contos e as fadas, pois é disso que este País vive; de números, de estatísticas e de sonhos.


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